De acordo com levantamento da Abimaq – Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), o incremento no preço do aço, de janeiro a dezembro 2020, foi de 108% nos distribuidores e de 85% para quem compra direto da usina produtora.
Segundo o vice-presidente da Abimaq-RS, Hernane Cauduro, o ciclo de produção do setor de máquinas e equipamentos é, em média, de seis meses para entregar as encomendas aos clientes. Assim, a oscilação dos valores do aço prejudica as empresas do segmento na hora de estabelecer o preço dos seus produtos. “É uma dificuldade seríssima”, enfatiza, que afeta afeta a competitividade das companhias.
Para Cauduro, não há justificativa plausível para a proporção dos aumentos no preço do aço. Ele considera que as empresas fornecedoras desse insumo estão aproveitando um período de escassez do material e de recuperação da economia para elevar suas margens de lucro. O dirigente reforça que um dos fatores que leva a essa distorção no mercado do aço é por se tratar de um oligopólio.
O Jornal do Comércio do RS ouviu o presidente-executivo do Inda – Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço, Carlos Loureiro. De acordo com o jornal, o execeutivo confirmou que os aumentos do insumo foram da magnitude apontada pela Abimaq e comentou que esse cenário foi ocasionado por um desequilíbrio na oferta e demanda. “Está faltando produto”, disse, salientando que se trata de um fenômeno mundial em decorrência da elevação dos custos de insumos utilizados na cadeia produtiva do aço, como o minério de ferro e o carvão.
Para exemplificar, Loureiro informou que, nos Estados Unidos, o preço da bobina a quente, referência do mercado internacional do aço, saltou de US$ 525 para US$ 1.097 a tonelada, entre 20 de agosto de 2020 e 11 de janeiro de 2021, uma elevação de 109%. O dirigente informa que, atualmente, no Brasil o custo da bobina a quente está entre R$ 4,2 mil a R$ 4,3 mil a tonelada (valor na usina, sem a incidência de impostos). No caso do mercado nacional, outro ponto que impactou o preço do aço e citado pelo presidente-executivo do Inda foi que, quando a economia começou a se recuperar, após os primeiros meses da pandemia do coronavírus, os distribuidores foram pegos com estoques muito baixos e agora estão buscando recompor esses volumes.
De acordo com o dirigente, o estoque de aço no País encontra-se em um dos níveis mais baixos da história, não chegando a dois meses de abastecimento, sendo que o normal seria perto de três meses. Ele prevê que até março a situação possa ser normalizada. Loureiro argumenta ainda que, como essa questão do custo elevado é algo global, a importação acaba não sendo uma alternativa, até porque os valores dos fretes também aumentaram.
Para 2021, o presidente-executivo do Inda projeta reduções no preço do aço e estima que em dezembro deste ano os valores estarão abaixo do que são verificados hoje. Já o vice-presidente da Abimaq-RS, Hernane Cauduro, imagina que possa ocorrer uma estabilização depois de haver uma recuperação dos estoques, mas demonstra descrença quanto a uma possível diminuição de custos. “Fazer preço voltar é muito raro”, frisa.
Fonte: Jornal do Comércio RS, Abimaq, Revista Ferramental